Na semana passada, a CTT — representada pelo consórcio liderado pela Globeleq — firmou um acordo com a ENKA İnşaat ve Sanayi A.Ş., empresa internacionalmente reconhecida no sector de engenharia e construção e cotada na Bolsa de Istambul. A contratada será responsável pela conclusão da central, localizada no distrito de Inhassoro, província de Inhambane.
Segundo a AIM, que cita um comunicado institucional, a ENKA confirmou ter assinado, a 5 de Dezembro, o contrato para a execução das obras e serviços associados ao projecto. A empresa compromete-se a concluir os trabalhos em 23 meses, colocando o início do comissionamento operacional provavelmente em 2027 — um novo reajuste face ao calendário inicial.
A CTT já enfrentava vários adiamentos desde 2024, influenciados por factores técnicos, financeiros e ambientais, incluindo a passagem de ciclones que afectaram a província de Inhambane.
O impasse com o empreiteiro espanhol TSK levou à paralisação total das obras em Dezembro de 2024. A empresa abandonou o estaleiro com cerca de 80% da execução física concluída, de acordo com fontes ligadas ao projecto. Ainda assim, acredita-se que as etapas de comissionamento e testes poderão decorrer dentro do possível, caso a nova contratada cumpra o cronograma agora redefinido.
Avaliado em 650 milhões de dólares, o projecto é considerado estratégico para reforçar a capacidade energética nacional e assegurar a integração plena de Moçambique nas redes eléctricas regionais. A iniciativa inclui também uma linha de transmissão de 400 kV e 563 quilómetros, ligando Maputo a Vilanculos.
A central prevê a instalação de cinco turbinas a gás, cinco geradores de vapor de recuperação de calor, uma turbina a vapor e uma unidade de refrigeração a ar, além de diversas infra-estruturas complementares.
A CTT funciona como uma parceria público-privada integrando a Globeleq, a Electricidade de Moçambique (EDM) e a SASOL, com uma concessão válida por 25 anos.Os sucessivos atrasos têm impacto directo no calendário de outros projectos dependentes da CTT, como o Temane Transmission Project (TTP) — uma linha de transmissão com mais de 500 quilómetros — e o Acordo de Partilha de Produção (PSA).
Em Janeiro de 2024, o gestor do projecto, Eucides Dgedge, previa o início do comissionamento entre o segundo e o terceiro trimestre de 2025, com entrada em funcionamento a 2 de Fevereiro de 2026 — metas que, à luz do novo cronograma, já não se confirmam.
A Globeleq enfrenta ainda outro atraso relevante: a construção da Central Eólica de Namaacha, de 120 MW, cujo arranque estava previsto para o segundo semestre de 2024, mas que ainda não tem explicação oficial para a sua suspensão. Avaliado em 270 milhões de dólares, o projecto inclui também uma nova linha de transmissão de 40 quilómetros entre Namaacha e Boane, destinada a reforçar o corredor de exportação de energia da EDM.

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