FMI admite “imensas pressões” e acelera negociações para novo programa de financiamento com Moçambique

 

O Fundo Monetário Internacional (FMI) anunciou que está a trabalhar com as autoridades moçambicanas para criar as condições necessárias à implementação de um novo programa de financiamento, numa altura em que o país enfrenta fortes pressões económicas e fiscais. As negociações estão em curso desde Abril, quando terminou o acordo anterior, poucos meses após a posse do novo Governo.

Segundo Olamide Harrison, representante residente do FMI em Moçambique, ainda é necessário um entendimento comum entre a instituição e o Executivo sobre os principais desafios económicos. “Temos o nosso próprio diagnóstico e precisamos de um entendimento comum com o Governo sobre as realidades no terreno”, afirmou à Bloomberg, à margem de um evento em Maputo. O responsável destacou que Moçambique está simultaneamente a lidar com pressões de curto prazo e com a necessidade de manter os objectivos de longo prazo para o crescimento.

O Governo moçambicano espera concluir um novo acordo até Março de 2026, considerado vital para estabilizar a economia, desbloquear o apoio dos doadores e restabelecer a confiança dos investidores. A economia nacional enfrenta dificuldades acrescidas após meses de protestos pós-eleitorais, que resultaram em quatro trimestres consecutivos de contracção económica, reduzindo as receitas do Estado e agravando o risco-país.

Apesar das enormes reservas de gás natural que, a longo prazo, poderão gerar dezenas de milhares de milhões de dólares em receitas, os megaprojectos permanecem paralisados há vários anos, principalmente devido à insegurança e à incerteza política.

No mês passado, o FMI voltou a alertar para desafios agudos de financiamento público, agravados pela escassez de divisas no mercado cambial, que continua a limitar o crescimento económico e a capacidade do Estado de cumprir compromissos internos e externos.

Durante o evento em Maputo, Harrison reforçou que Moçambique enfrenta pressões fiscais “imensas” e que as negociações em curso são “complexas”. No entanto, evitou avançar com datas sobre quando poderá ser alcançado um entendimento final: “Teremos mais informações nos próximos meses”, afirmou.

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