CPMI do INSS deve votar convocação de Lulinha após novos indícios citados pela oposição

 

A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga fraudes em descontos associativos aplicados a aposentados e pensionistas do INSS deve enfrentar um novo embate político nos próximos dias. O presidente do colegiado, senador Carlos Viana (Podemos-MG), confirmou que todos os requerimentos pendentes serão votados individualmente, garantindo, segundo ele, “total transparência” sobre o posicionamento de cada parlamentar.

A movimentação reacende a disputa entre governo e oposição, especialmente com a possibilidade de votação do pedido para convocar Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha, filho do Presidente da República.

Por que a oposição quer convocar Lulinha

O requerimento foi apresentado pelo Partido Novo, que afirma existir a possibilidade de conexão entre operadores da chamada “Farra do INSS” e pessoas próximas ao presidente Lula.

Entre os elementos citados pelo partido está o caso de Ricardo Bimbo, dirigente do PT, que teria recebido mais de R$ 8,4 milhões de uma empresa investigada. No mesmo período, Bimbo teria efetuado o pagamento de um boleto destinado ao contador de Lulinha, que é alvo da Operação Fim da Linha, sob suspeita de lavagem de dinheiro.

Para os deputados Marcel van Hattem (Novo-RS), Eduardo Girão (Novo-CE), Adriana Ventura (Novo-SP) e Luiz Lima (Novo-RJ), a oitiva de Lulinha seria “essencial” para esclarecer se houve uso de sua estrutura contábil ou qualquer ligação indireta com o esquema.

Tentativas anteriores já foram barradas

Esta não é a primeira vez que a oposição tenta ouvir pessoas próximas ao presidente. Em outubro, governistas rejeitaram a convocação de Frei Chico, irmão de Lula e então vice-presidente do Sindnapi — entidade investigada por fraudes bilionárias, mas onde ele não é investigado pela Polícia Federal.

O governo também conseguiu impedir a quebra de sigilo do ex-ministro da Previdência Carlos Lupi, que ocupava a pasta quando as irregularidades vieram à tona, em abril deste ano.

O que a CPMI investiga
Instalada em 20 de agosto, a CPMI apura o esquema de descontos indevidos aplicados contra aposentados e pensionistas do INSS, revelado após uma operação conjunta da Polícia Federal (PF) e da Controladoria-Geral da União (CGU).

A comissão tem previsão de funcionar até março de 2026, com possibilidade de prorrogação.
Enquanto a oposição aponta suposta responsabilidade da atual gestão no aumento dos descontos ilegais, aliados do governo afirmam que o esquema existe desde 2019, no governo Jair Bolsonaro.

Disputa interna acentua clima político

Apesar de ter trabalhado para garantir maioria na composição da comissão, o governo sofreu derrota na eleição interna:

  • Carlos Viana venceu e assumiu a presidência.

  • O nome inicialmente indicado pelo Planalto para relatoria, Ricardo Ayres (Republicanos-TO), foi substituído por Alfredo Gaspar (União-AL) após decisão de Viana.

Em reunião recente, o presidente da CPMI reforçou que não haverá blindagem:

“Aqui ninguém é intocável. Nem amigo, nem aliado, nem parente de gente importante. Quem deve tem de responder.”

Votação sobre Lulinha deve aumentar tensão

A análise do pedido de convocação de Lulinha promete ser um dos momentos mais decisivos da CPMI — e tende a elevar ainda mais o confronto entre governo e oposição nas próximas sessões.

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