UA pede mais financiamento da UE para combater pobreza em África, afirma João Lourenço na 7.ª Cimeira UA–UE

O presidente da União Africana (UA) e Chefe de Estado angolano, João Lourenço, defendeu esta segunda-feira que África não pode continuar presa ao ciclo de pobreza que marcou o continente durante décadas, apelando ao reforço do financiamento e dos meios destinados à cooperação económica com a União Europeia (UE). O apelo foi lançado na abertura da 7.ª Cimeira UA–UE, que decorre em Luanda.

Na sua intervenção, João Lourenço afirmou que o continente enfrenta desafios estruturais que só poderão ser ultrapassados com “acesso ao financiamento em condições comportáveis”, essencial para executar obras e programas de alcance estratégico. O líder africano destacou que os problemas que afetam África — desde epidemias e migrações em massa até conflitos internos — têm impacto direto no resto do mundo, reforçando a necessidade de uma parceria sólida e eficaz.

Segundo o presidente da UA, a cooperação entre África e Europa deve ganhar uma nova dinâmica. “Apelo para que sejam reforçados os meios e recursos destinados à dinamização da cooperação económica, para que empresários e investidores europeus se interessem por África e invistam na industrialização do continente e nos setores que impulsionem o crescimento, produzindo benefícios recíprocos”, declarou.

João Lourenço sublinhou ainda que, em 25 anos, as relações entre os dois blocos se aprofundaram significativamente, abrangendo áreas como paz e segurança, governação, comércio, educação, saúde, ação climática e transformação digital. Para o dirigente, a estabilidade e a segurança continuam a ser “condições essenciais” para acelerar a integração económica africana e promover o empoderamento de jovens e mulheres.

O líder da UA defendeu também um modelo de cooperação mais pragmático, “livre de teias burocráticas que retardam a implementação de ações importantes”, e apelou à criação de projetos focados na empregabilidade juvenil. A formação profissional, disse, é vital para colmatar a escassez de quadros qualificados e facilitar a integração da juventude africana em iniciativas conjuntas com parceiros europeus.

João Lourenço afirmou que a Europa tem igualmente a ganhar com uma África estável e desenvolvida, capaz de reduzir fluxos migratórios irregulares e diminuir a dependência de ajuda externa. Referiu ainda que a parceria UA–UE dispõe de bons exemplos, nomeadamente iniciativas do Global Gateway e cooperações bilaterais, como a existente entre Angola e a União Europeia no âmbito do Caminho Conjunto.

O presidente concluiu que a 7.ª Cimeira representa uma oportunidade de reflexão e ajustamento da trajetória das relações entre os dois continentes. “Juntos temos tudo para beneficiar e desenvolver os nossos continentes. O que precisamos é partilhar, cooperar e trabalhar em benefício mútuo”, afirmou

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