Militares assumem “plenitude dos poderes”
Numa declaração transmitida pela Televisão Pública da Guiné-Bissau, o auto-denominado Comando Militar para a Restauração da Ordem Constitucional anunciou ter assumido todos os poderes do Estado.
Segundo o comunicado, lido por Denis N’tchama, a tomada do poder ocorre após a descoberta de um alegado plano para desestabilizar o país, envolvendo “políticos nacionais e estrangeiros” e “um conhecido barão da droga”.
Entre as medidas anunciadas destacam-se:
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Destituição imediata do Presidente Umaro Sissoco Embaló
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Encerramento das instituições do Estado até novas ordens
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Fecho das fronteiras terrestres, marítimas e aéreas
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Suspensão do processo eleitoral em curso
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Imposição de recolher obrigatório das 19h00 às 06h00
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Suspensão de todas as actividades dos media
Embaló está no poder desde 2020.
Brasil, Portugal, Cabo Verde, Gana e Qatar já reagiram
Enquanto Moçambique e Angola permanecem em silêncio, outros países lusófonos e parceiros internacionais já emitiram comunicados.
Brasil
O Ministério das Relações Exteriores “lamenta a suspensão arbitrária” das eleições legislativas e presidenciais e apela ao regresso à ordem constitucional através do diálogo pacífico.
Portugal
O Governo português pede que os intervenientes “se abstenham de actos de violência” e defendem o retorno ao funcionamento regular das instituições, para permitir a conclusão da apuração eleitoral.
Cabo Verde
O Executivo cabo-verdiano manifesta “grande preocupação” e apela à contenção e ao restabelecimento rápido da ordem constitucional.
Qatar
O país do Golfo condena o golpe e solicita que as partes evitem a escalada do conflito e privilegiem meios pacíficos de resolução.
Gana
Gana “condena inequivocamente” a tomada de poder, classificando-a como uma usurpação inconstitucional de autoridade e um ataque directo à democracia.
Nyusi encontra-se retido na Guiné-Bissau
O ex-Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, permanece na Guiné-Bissau, onde chefiava a Missão de Observação Eleitoral da União Africana. Fontes indicam que se encontra “retido” devido ao encerramento do espaço aéreo.
Histórico de instabilidade
A Guiné-Bissau vive um dos mais graves ciclos de instabilidade política na África lusófona. Este é o nono golpe ou tentativa de golpe desde 1974. As duas últimas tentativas, em 2022 e 2023, também tiveram Embaló como alvo.

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