PAIGC fora da corrida pela primeira vez
As eleições gerais deste domingo são as primeiras na história democrática da Guiné-Bissau em que o PAIGC — partido fundador do Estado — fica excluído da competição eleitoral. A decisão do Supremo Tribunal de Justiça afastou não apenas o próprio partido como também o seu líder, Domingos Simões Pereira, até então considerado o principal adversário do Presidente Umaro Sissoco Embaló.
O independente Fernando Dias acabou por se destacar na campanha presidencial ao receber apoio público do PAIGC e de Simões Pereira, tornando-se um dos nomes mais comentados na reta final.
Presidenciais ofuscam legislativas antecipadas
Embora os guineenses elejam simultaneamente o Presidente da República e os novos deputados, a atenção concentrou-se quase exclusivamente na disputa presidencial. As legislativas — necessárias após a dissolução do parlamento em 2022 — ficaram relegadas a segundo plano.
O parlamento anterior, dominado pela maioria PAI–Terra Ranka (liderada pelo PAIGC), foi dissolvido por Embaló após meses de tensão institucional. Nenhuma das forças partidárias dessa coligação concorre nas legislativas de hoje.
Estas eleições contam com 14 listas concorrentes e com a estreia da Plataforma Republicana, uma coligação de 16 partidos que apoia a reeleição de Embaló.
Analistas e observadores alertam para riscos
Organismos internacionais e analistas políticos têm manifestado preocupação com a possibilidade de instabilidade após a divulgação dos resultados. O histórico de confrontos políticos, dissoluções e contestação judicial faz temer uma nova crise pós-eleitoral.
A CPLP e outras missões internacionais acompanham o processo no terreno. No entanto, estas eleições decorrem sem a presença de meios de comunicação portugueses, depois da expulsão, em agosto, das delegações da Lusa, RTP e RDP pelo Governo guineense.
Votação em números: quase um milhão de eleitores
Para estas eleições estão inscritos 966.152 eleitores, mais 42 mil do que nas legislativas de 2023.
-
Círculo Europa: 26.420 votantes, dos quais 13.764 em Portugal
-
Círculo África: 25.304 eleitores
-
Assembleias de voto: 3.728
-
Distritos eleitorais: 2.118
A votação decorre em território guineense, nos países africanos com maior comunidade emigrada (Cabo Verde, Guiné-Conacri, Gâmbia, Mauritânia e Senegal) e em vários países europeus (Portugal, Espanha, Itália, França, Inglaterra, Alemanha e Benelux).
Horário e procedimentos
Segundo a legislação eleitoral, as assembleias de voto abrem às 07h00 e encerram às 17h00, hora local e de Lisboa. O apuramento começa imediatamente após o fecho das urnas.
Os resultados devem começar a ser conhecidos ainda no domingo, embora análises indiquem que a fase pós-eleitoral poderá ser tão decisiva quanto o próprio dia de votação.

Postar um comentário
Postar um comentário