O académico e antigo subsecretário-geral das Nações Unidas, Carlos Lopes, manifestou profunda preocupação com a situação política na Guiné-Bissau, apelando à libertação imediata das 18 pessoas detidas na sequência do alegado golpe de Estado em curso no país. Para Lopes, as detenções configuram uma “grave violação dos direitos fundamentais”, especialmente no que diz respeito à liberdade de expressão e à integridade física dos cidadãos envolvidos.
Num comunicado firme e directo, Carlos Lopes sublinhou que as circunstâncias do golpe levantam incongruências sérias e difíceis de ignorar. Segundo o académico, os responsáveis pela ruptura institucional não apresentaram qualquer justificação para a deposição das autoridades afastadas, um silêncio que, na sua visão, “é profundamente revelador” e mina a narrativa de que o acto seria motivado por princípios democráticos.
Lopes observa que várias figuras que agora surgem à frente das instituições resultantes da crise desempenharam, há poucas semanas, papéis de destaque na campanha eleitoral, mas não haviam identificado então os problemas que agora denunciam com intensidade. Para o académico, isso reforça a percepção de que temiam os resultados eleitorais que estavam prestes a ser divulgados, num processo marcado por alegações de falta de integridade e tentativas de manipulação que não produziram o desfecho desejado.Carlos Lopes defende que a Guiné-Bissau se encontra perante um momento decisivo, sublinhando que “depois de tantos anos de instabilidade, o país precisa urgentemente de um período de paz” que permita reconstruir um sistema político inclusivo, capaz de acolher diferenças, garantir previsibilidade institucional e focar-se no desenvolvimento nacional.
O académico apelou à comunidade nacional e internacional para que tome posição diante do que descreve como um retrocesso grave na luta por estabilidade democrática no país, reiterando que este é um momento que exige firmeza, clareza e defesa dos princípios fundamentais do Estado de direito

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