Activistas LGBTQIA+ cobram transparência ao Standard Bank por exclusão de candidato líder no recrutamento

Um grupo de activistas LGBTQIA+ submeteu um pedido formal de esclarecimento ao Standard Bank Moçambique, após denunciar alegada discriminação no processo de selecção para a vaga de Agente de Call Center. A queixa ganhou visibilidade através de uma carta aberta divulgada nas redes sociais, onde o caso do candidato Sheide Nadeam António é apresentado como um possível exemplo de violação dos princípios de igualdade e transparência.

Candidato obteve melhores resultados, mas foi excluído sem explicação

Segundo a carta aberta, Sheide António cumpriu todas as etapas do processo de recrutamento — desde entrevistas e sessões de formação até avaliações técnicas — obtendo classificações consideradas excepcionais: 95%, 100% e 95%. Estas notas conferiam-lhe, de acordo com os activistas, a melhor média entre todos os concorrentes.

A situação tomou contornos ainda mais críticos quando, segundo o grupo, o nome do candidato chegou a constar na escala de trabalho da primeira semana de Outubro, indício de que a contratação estaria aprovada.

Apesar desse percurso positivo, o candidato teria sido excluído da fase final do processo sem qualquer comunicação formal ou explicação escrita — algo que, para os activistas, compromete os princípios de meritocracia e transparência que devem reger concursos de acesso ao emprego.

Activistas pedem fundamentação e garantias de não discriminação

No pedido submetido ao banco, o grupo solicita quatro esclarecimentos principais:

  • Apresentação dos critérios e parâmetros de avaliação usados no processo;

  • Justificação formal para a exclusão do candidato;

  • Confirmação de que não houve discriminação directa ou indirecta;

  • Revisão da decisão, caso se verifiquem irregularidades, em conformidade com os princípios de legalidade, igualdade e mérito.

Os activistas reforçam que a ausência de comunicação oficial abre espaço para dúvidas sobre a coerência entre os valores defendidos publicamente pelo banco e as práticas internas observadas no caso relatado.

Referências legais e códigos internos reforçam a denúncia

O grupo fundamenta o pedido na Lei do Trabalho n.º 13/2023, na Constituição da República de Moçambique e no Código de Ética e Conduta do Standard Bank (2022). Este último documento contém directrizes explícitas que orientam os colaboradores a promover diversidade, igualdade de oportunidades e a combater qualquer forma de discriminação injusta, intimidação ou assédio.

Os activistas sublinham que, ao não apresentar critérios claros e ao omitir justificativas formais, o banco arrisca violar os próprios padrões que declara defender.

“A falta de critérios claros e de comunicação formal neste caso coloca em causa os próprios valores que o Standard Bank diz defender”, afirmam.

Apelo à transparência e responsabilidade institucional

Na conclusão da nota, o grupo reforça que o episódio não deve ser visto apenas como um conflito individual, mas como uma questão institucional, que testa o compromisso do Standard Bank com os princípios de ética, inclusão e responsabilidade social.

O apelo final exige que o banco actue com celeridade, imparcialidade e transparência, garantindo uma resposta formal ao candidato e assegurando mecanismos de reparação justa, caso se confirmem irregularidades no processo de recrutamento.


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