A defesa da independência da Justiça, a transparência na governação, o reforço dos investimentos na defesa e a distribuição equitativa dos recursos naturais marcaram a auscultação pública no distrito de KaMpfumo, cidade de Maputo, realizada esta terça-feira, no âmbito do Diálogo Nacional.
Durante o encontro, os participantes defenderam a necessidade de uma justiça livre de influências políticas e de uma fiscalização mais rigorosa na aplicação das leis.
“Queremos uma justiça verdadeiramente independente, que não seja condicionada por interesses partidários ou económicos”, afirmou Ervelina António, residente local.
Na mesma linha, Ana Tembe apelou a “maior responsabilização das instituições que aplicam as leis”, sublinhando que a confiança dos cidadãos depende da transparência dos tribunais.
A segurança nacional foi outro tema dominante. Os munícipes exigiram maiores investimentos na defesa, face à ameaça do terrorismo, raptos e assassinatos de agentes da Polícia da República de Moçambique (PRM).
“O país precisa de garantir a segurança dos seus cidadãos e dos agentes que nos protegem”, defendeu Ricardo Mágoe.
Já Maria Angelina destacou que “sem segurança, não há desenvolvimento nem paz verdadeira”.
O debate também incidiu sobre a gestão dos recursos naturais, com fortes apelos à transparência e à justa distribuição das receitas nacionais.
“Os recursos de Moçambique devem beneficiar todos os moçambicanos, e não apenas uma minoria”, alertou Eduardo Pinheiro.
Para Maria Mawaie, “é urgente garantir que as comunidades próximas das zonas de exploração recebam benefícios concretos”.
A Comissão Técnica responsável pelas auscultações considerou o balanço positivo, destacando a abrangência territorial e a inclusão de zonas afetadas pelo terrorismo em Cabo Delgado.
“As auscultações cobriram todo o país, incluindo as áreas mais sensíveis, e recolheram contributos valiosos sobre soberania digital e governação participativa”, explicou Ivone Soares, membro da Comissão.
Durante a sessão, alguns participantes sugeriram a criação de um governo semi-presidencialista, como forma de garantir maior equilíbrio de poderes e reforçar a responsabilização política.
A auscultação em KaMpfumo faz parte do processo de recolha de opiniões do Diálogo Nacional, uma iniciativa que visa reforçar a coesão, a paz e o desenvolvimento sustentável em Moçambique, após a recente crise política que abalou o país.

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