O director de controlo de participações do Instituto de Gestão das Participações do Estado (IGEPE) de Moçambique, Jacinto Uqueio, revelou que a empresa Linhas Aéreas de Moçambique (LAM) não tem medo da concorrência, destacando que será uma oportunidade para a companhia aérea moçambicana encarar novos desafios.

“A LAM não tem medo da concorrência. Apenas tem de se adaptar aos novos desafios”, disse Jacinto Uqueio, comentando sobre o licenciamento que permitirá à companhia aérea sul-africana Solenta Aviation começar a operar no País.

Em entrevista ao CIPCAST da organização anticorrupção Centro de Integridade Pública (CIP), Uqueio explicou que o espaço aéreo  moçambicano sempre esteve aberto. “Durante a pandemia da Covid-19, tivemos companhias internacionais a operar no espaço aéreo nacional. Estas companhias estavam a competir com a LAM, o que significa que a concorrência não é um grande problema”, acrescentou.

Na ocasião, a fonte revelou que a LAM já liquidou a sua dívida com a Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA). Uqueio explicou que a regularização das dívidas foi uma das medidas de grande impacto levadas a cabo pelo novo Conselho de Administração da LAM, constituído pelas três empresas públicas que adquiriram acções da LAM, nomeadamente a Hidroelétrica de Cahora Bassa (HCB), que explora a barragem de Cahora Bassa, no rio Zambeze, a empresa de caminhos-de-ferro e portos, CFM, e a seguradora EMOSE.

O conselho de administração é presidido pelo australiano Dane Kondić e tem a missão de recuperar a viabilidade da empresa falida.

De acordo com Uqueio, “as perspectivas da empresa estão a mudar. A LAM está a recuperar a sua viabilidade e uma das maiores medidas foi a liquidação das dívidas com a IATA. A reputação da empresa está a ser recuperada”.

“Esta medida é resultado da atual administração, tendo em conta a engenharia de financiamento que está em curso. Esta medida será prolongada e a LAM pagará as suas dívidas a outras empresas, no âmbito da reestruturação do financiamento”, acrescentou.

Com a regularização do passivo, a LAM voltará a ter acesso aos sistemas globais de reservas e emissão de bilhetes, um passo crucial para a sua recuperação operacional.

A IATA tinha anunciado que a LAM não tinha canalizado 205 milhões de dólares nos últimos seis meses, liderando um grupo de dez países que representavam 80% dos montantes não transferidos para as companhias aéreas de todo o mundo. “Entre Outubro de 2024 e Abril de 2025, Moçambique liderou a lista dos países com maiores valores retidos na compra de bilhetes para voos internacionais”, lê-se no relatório da IATA.