Moçambique enfrenta um momento difícil na sua política. A oposição, que deveria fortalecer a democracia e permitir a troca de poder, está limitada. O sistema atual reduz o espaço da oposição, silencia sua voz e enfraquece sua atuação. As regras do jogo político são controladas por quem está no poder, com instituições eleitorais frágeis e pouco transparentes. O parlamento, em vez de representar o povo, parece servir a interesses pessoais. Além disso, a juventude do país está desmotivada e pouco envolvida na política.

Neste cenário, a oposição enfrenta problemas como ambição, falta de compromisso e ausência de responsabilidade, o que impede a construção de uma democracia forte. Em entrevista, o ex-deputado António Muchanga aponta os problemas e as manipulações que atrapalham o avanço do país.


               Pergunta: Qual é o espaço político real da oposição em Moçambique hoje?

Resposta de Muchanga:  A oposição tem um espaço, mas ele é definido pela Comissão Nacional de Eleições, e não pelo voto do povo. A oposição só ocupa o lugar que os órgãos eleitorais permitem, seja nas assembleias municipais, provinciais ou na Assembleia da República. Isso ficou claro nas eleições de 2023.

                      Pergunta: Por que isso acontece?  

Resposta:  ão há transparência. Os membros dos órgãos eleitorais não estão preparados para os desafios do país. Os representantes da oposição não conseguem enfrentar as decisões dos indicados pelo partido no poder ou pelo STAE (Secretariado Técnico de Administração Eleitoral). O Conselho Constitucional também ignora provas apresentadas, independentemente de sua validade.


          Pergunta: Quais são os principais obstáculos da oposição no Parlamento? 

Resposta:    O principal papel do Parlamento é criar leis, mas muitos deputados da oposição não têm conhecimento para isso. Representar é diferente de legislar. No Brasil, por exemplo, o Tiririca foi eleito representando um grupo, mesmo sem saber escrever. Em Moçambique, mais da metade dos deputados apenas representa, mas não sabe legislar. Isso desequilibra o Parlamento. Para melhorar, é preciso ter deputados que saibam criar leis, representar e fiscalizar. Infelizmente, isso não está acontecendo.