Mais de 135 mil famílias afectadas pela época chuvosa e ciclónica 2024–2025 continuam carecendo de apoio humanitário na província de Nampula. O alerta foi lançado esta quarta-feira (11) pela delegada do Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres (INGD), Anacleta Botão, durante a sessão do Centro Operativo de Emergência (COE), que reuniu o governo provincial para fazer o balanço da época chuvosa.
“Temos ainda necessidades para 135 213 famílias, e continuamos a fazer a mobilização de recursos para garantir que essas famílias sejam assistidas. Tivemos três ciclones em pouco tempo, o que nos obrigou a replanificar com todas as condições adversas que temos estado a enfrentar”, afirmou Botão.
Numa publicação do jornal Rigor, a delegada avançou que parte dos desafios na resposta deve-se também ao facto de decorrerem intervenções no terreno que não são partilhadas com o INGD, estando eventualmente a duplicar esforços.
Apesar das limitações, algumas acções de reassentamento e reconstrução já estão em curso. Na Ilha de Moçambique, 337 famílias foram transferidas para o bairro de Entete e outras 69 para Muanona 2, após serem retiradas de zonas de risco. Nestes locais estão em curso construções de casas resilientes, com base num modelo habitacional aprovado pelos próprios beneficiários.
“No processo de construção em Mossuril, felizmente, após a interacção com os beneficiários, a planta foi aprovada. Continuamos com a construção de 69 casas em Mossuril e 337 na Ilha de Moçambique. Esta é a abordagem do dia: construir com resiliência e dignidade”, destacou a delegada do INGD.
Além das habitações, o Governo está a mobilizar materiais para a reconstrução de escolas, centros de saúde e blocos administrativos nas zonas mais afectadas, como Mossuril, Monapo e Meconta. Em relação aos deslocados internos, Nampula acolhe actualmente 29 172 pessoas, uma redução significativa face aos 64 780 registados nos últimos anos.
O INGD também relatou dificuldades em alcançar localidades de acesso extremamente difícil, como o bairro de Natema, na Ilha de Moçambique, onde só foi possível fazer chegar o apoio com recurso a veículo anfíbio, disponibilizado pelo Programa Mundial para a Alimentação (PMA). A província também enfrentou falhas de comunicação, especialmente após a destruição de torres de telecomunicações e cortes de energia em vários pontos da província.
A época chuvosa 2024–2025, que decorreu entre Outubro e Abril, foi marcada pela passagem de três ciclones de grande impacto — Chido, Dikeledi e Jude — que devastaram diversas zonas do território provincial.
O balanço oficial apresentado pelo INGD indica que 1 440 000 pessoas foram afectadas, o equivalente a 323 191 famílias, tendo-se registado 107 óbitos, 213 feridos, 1220 escolas danificadas e 3 780 salas de aula destruídas, afectando directamente mais de 333 mil alunos. Foram ainda destruídos aquedutos, embarcações, redes de abastecimento de água, estradas, infra-estruturas de energia e mais de 44 mil hectares de culturas agrícolas.
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