Maputo, Moçambique – A Liga Moçambicana de Futebol (LMF), entidade gestora do campeonato nacional de futebol, anunciou oficialmente o fim antecipado do Moçambola 2025, apesar de alguns clubes ainda terem até quatro jogos por disputar. Com a decisão, a União Desportiva de Songo é considerada virtual vencedora da prova, numa época marcada por sucessivos constrangimentos financeiros, logísticos e administrativos.
A deliberação consta de um ofício emitido pela LMF, no qual a organização justifica a medida com as graves dificuldades financeiras, sobretudo relacionadas com o pagamento das deslocações aéreas das equipas, factor determinante para a realização regular das jornadas do campeonato.
Dificuldades financeiras inviabilizam conclusão da prova
Segundo a Liga Moçambicana de Futebol, a conjugação de vários factores tornou inviável a continuidade da competição. Entre eles está o calendário da época desportiva, partilhado com a Federação Moçambicana de Futebol (FMF), cujo término está fixado para 20 de Dezembro de 2025, bem como a situação contratual dos jogadores, cujos vínculos com os clubes expiram a 30 de Novembro do presente ano.
“Não se vislumbra espaço legal, administrativo e financeiro para a realização das jornadas em falta”, refere a LMF no documento, sublinhando que a continuidade do Moçambola poderia expor clubes e atletas a situações de irregularidade contratual.
Agradecimentos e reconhecimento de apoios
No mesmo ofício, a LMF reconhece e agradece o apoio prestado pelo Governo de Moçambique, parceiros, patrocinadores, público adepto e pela Federação Moçambicana de Futebol, destacando os esforços realizados para garantir, dentro das limitações existentes, a realização do campeonato nacional.
Apesar disso, a liga admite que os constrangimentos acumulados ao longo da época acabaram por comprometer a normalidade da prova.
Época marcada por polémicas e constrangimentos
O Moçambola 2025 iniciou sob forte contestação, com alguns actores desportivos a questionarem o formato da competição logo nas primeiras jornadas. Ao longo da época, registaram-se jornadas intercaladas, atrasos significativos no calendário competitivo e problemas recorrentes no pagamento de salários em vários clubes.
A situação atingiu níveis críticos quando atletas de algumas equipas chegaram a pernoitar nos bancos de aeroportos, devido à falta de condições para garantir deslocações atempadas para os jogos, expondo fragilidades estruturais do futebol nacional.
LAM condiciona viagens e agrava crise logística
A crise logística foi agravada pela posição da Linhas Aéreas de Moçambique (LAM), que passou a condicionar a realização das viagens dos clubes ao pré-pagamento integral das passagens aéreas. A medida, segundo fontes do sector, teve impacto directo na calendarização dos jogos e na capacidade da LMF em assegurar o normal funcionamento do campeonato.
Sem garantias financeiras para cobrir as deslocações, várias jornadas acabaram por ser adiadas, contribuindo para o desfecho antecipado da competição.
União Desportiva de Songo como virtual campeã
Com o encerramento prematuro do Moçambola, a União Desportiva de Songo, que liderava a tabela classificativa no momento da decisão, surge como virtual campeã nacional, embora a ausência da conclusão integral da prova levante debates no seio da comunidade desportiva sobre a legitimidade competitiva da época.
O fim antecipado do Moçambola 2025 reacende o debate sobre a sustentabilidade financeira do futebol moçambicano, o modelo de gestão das competições nacionais e a necessidade urgente de reformas estruturais para evitar que situações semelhantes se repitam nas próximas épocas.

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