Composto por treze contos, o livro centra-se sobretudo no êxodo rural e nas transformações sociais, culturais e linguísticas que o acompanham. As narrativas exploram como os fluxos migratórios trouxeram para as cidades não apenas pessoas em busca de melhores condições de vida, mas também os seus usos, práticas e modos de falar, que passaram a integrar o quotidiano urbano.
A língua como espelho social
Segundo o autor, o livro revisita fenómenos linguísticos resultantes desse encontro entre mundos. Para Bucuane:
“Estas e outras práticas linguísticas instalaram-se e são chamadas não sei se bem ou mal: Português de Moçambique, e hoje se empenha em legitimá-lo cientificamente. O informal já é ciência.”
O escritor acrescenta que a realidade linguística do país está amplamente exposta nos meios de comunicação:
“Basta estarmos atentos às peças informativas dos telejornais e das rádios. Perder algum tempo nos noticiários é ganhar o perfil da realidade linguística que discorre no seio das populações.”
Figura incontornável da literatura moçambicana, Juvenal Bucuane foi Secretário-Geral da AEMO (2005–2008), fez parte da equipa fundadora da revista Charrua e é Membro Honorário do CEMD e do MIL. É ainda Embaixador Cultural da Unión Hispanomundial de Escritores e membro da IMA, no âmbito da lusofonia. Desde 2021, dá nome ao Prémio Anual de Poesia da Universidade Joaquim Chissano.
Autor de mais de vinte obras de poesia e prosa, Bucuane conquistou em 2025 o Prémio Literário José Craveirinha, o mais importante galardão literário de Moçambique.



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