Nampula – Cidadãos da cidade de Nampula consideram que o Presidente da República, Daniel Chapo, deveria ter apresentado informações mais detalhadas sobre o combate ao terrorismo, um problema que afecta a segurança nacional há quase uma década, durante o seu discurso sobre o Estado da Nação, proferido na manhã de quinta-feira (18), na Assembleia da República.
No seu pronunciamento, o Chefe do Estado elogiou a entrega e o empenho dos jovens envolvidos na missão de combate ao terrorismo, chegando a solicitar que os deputados se colocassem de pé para aplaudir, em sinal de reconhecimento, os militares que actuam no Teatro Operacional Norte.
Contudo, para vários citadinos de Nampula, o tratamento dado ao tema foi insuficiente, sobretudo tendo em conta que a ameaça terrorista já se faz sentir não apenas em Cabo Delgado, mas também nas províncias de Nampula e Niassa, onde se registaram episódios de violência nos últimos meses.
“O Presidente devia falar mais aos moçambicanos sobre este assunto, que já dura muitos anos sem acabar. Oito anos de terror é muito tempo. Essa parte eu não gostei”, afirmou Francisco Mário, residente na cidade de Nampula.
Outros cidadãos ouvidos partilham da mesma preocupação. Uma munícipe, abordada numa das principais artérias da cidade, referiu que a população continua apreensiva face à instabilidade. “Há pouco tempo tivemos os problemas de Memba e Eráti e, até hoje, o apoio ainda está a chegar. Até quando isso vai continuar? O ideal era acabar de vez com esta situação para as pessoas voltarem a viver como antes, sem armas, sem guerra. É isso que queremos, mas o nosso Presidente não falou muito sobre esta parte”, lamentou.
Apesar das críticas, Daniel Chapo sublinhou que o combate ao terrorismo continua a ser uma das maiores prioridades do Estado moçambicano, destacando os esforços em curso para o reforço da cooperação internacional. Segundo o Presidente, Moçambique tem aprofundado parcerias com países amigos, com enfoque na troca de informações, metodologias operacionais e experiências, visando o fortalecimento da capacidade de resposta das forças no terreno.
“A luta contra o terrorismo é global, mas a defesa da nossa pátria é uma responsabilidade suprema do Estado moçambicano”, declarou Chapo, no seu primeiro informe à Nação desde o início do mandato presidencial de cinco anos.
No quadro dessa cooperação, o Chefe do Estado deslocou-se recentemente ao Ruanda, onde manteve conversações com o Presidente Paul Kagame sobre o pacote relacionado com a permanência das forças militares ruandesas em Moçambique, um dossier que, segundo observadores, não havia sido suficientemente esclarecido ao público durante o mandato do seu antecessor, Filipe Nyusi.

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