Cabo Delgado: Confrontos intensificam-se, ISM sofre baixas em Macomia e decisões sobre GNL expõem falhas na proteção de civis

Entre 24 de novembro e 7 de dezembro de 2025, a província de Cabo Delgado registou uma intensificação dos confrontos entre o Estado Islâmico em Moçambique (ISM) e forças estatais, com destaque para a atuação das Forças de Defesa do Ruanda (RDF) nos distritos de Macomia, Mocímboa da Praia e Muidumbe.

  • Foram reportados 14 incidentes de violência política, com 46 mortes, incluindo 11 civis.

  • Em Macomia, as RDF conduziram o confronto mais significativo do período, resultando na morte de pelo menos 35 combatentes do ISM.

  • Em Muidumbe, ataques e explosões na estrada N380 interromperam o tráfego por vários dias e provocaram feridos entre civis e militares.

  • Em Mocímboa da Praia, confrontos navais e ataques aéreos atingiram a ilha de Nhonge, após movimentações estratégicas do ISM para evitar patrulhas.

  • Grupos insurgentes deslocaram-se para Nangade e zonas fronteiriças com a Tanzânia, possivelmente para reabastecimento e recrutamento, atacando infraestruturas e comunidades ao longo do percurso.

No plano económico e político, decisões do Reino Unido e dos Países Baixos de retirarem apoio financeiro ao projeto Mozambique LNG, liderado pela TotalEnergies, voltaram a colocar em evidência alegações de abusos contra civis cometidos por forças moçambicanas. Investigações independentes confirmaram padrões preocupantes, apesar de reformas implementadas desde 2023.

O texto também destaca:

  • Protestos laborais na área do projeto de GNL em Afungi;

  • Tensões internas no setor de segurança, especialmente na PRM e no SERNIC, no contexto das reformas promovidas pelo Presidente Daniel Chapo;

  • Cortes orçamentais severos, com impacto direto no sistema de saúde, agravados pela retirada de financiamentos externos;

  • A decisão da Suécia de encerrar gradualmente a cooperação bilateral com Moçambique, redirecionando recursos para a Ucrânia.

Conclusão

Apesar dos avanços militares contra o ISM, especialmente com o apoio ruandês, persistem riscos elevados para civis, fragilidades institucionais e incertezas económicas. A sustentabilidade da segurança em Cabo Delgado dependerá não só da evolução militar, mas também da reforma efetiva do setor de segurança e da capacidade do Estado em restaurar a confiança das comunidades e dos investidores.

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