Nos últimos dias, circularam nas redes sociais informações que sugeriam que o Governo passaria a aplicar IVA sobre todas as transacções efectuadas via M-Pesa, e-Mola e Mkesh, levantando receios entre os utilizadores dos serviços. Contudo, o Ministério da Economia e Finanças desmentiu categoricamente essa interpretação.
O Director-Geral de Impostos, Moisés Marrime, esclareceu, durante o programa “Café da Manhã”, da Rádio Moçambique, que nenhuma transacção feita pelos cidadãos através de carteiras móveis será sujeita ao pagamento de IVA, e que não haverá criação de novas taxas nem aumento da carga fiscal para o utilizador final.
Segundo Marrime, o foco da reforma não está nos consumidores, mas sim nos agentes e operadores comerciais que prestam serviços de movimentação financeira através das plataformas digitais. Estes agentes recebem comissões e rendimentos que, até agora, não eram reportados ao fisco, apesar de representarem uma actividade económica lucrativa e estruturada.
Dados do Ministério das Finanças indicam que, em 2024, as carteiras móveis movimentaram mais de 822 mil milhões de meticais, um montante significativo que permanece fora do sistema tributário. A reforma, portanto, pretende corrigir essa lacuna através da revisão do Código do Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Singulares (IRPS), alargando o alcance do imposto para abranger trabalhadores e agentes que operam no sector da economia digital.
A proposta introduz ainda novas regras para a tributação de mais-valias, de modo a reforçar a arrecadação de receitas provenientes de operações financeiras e patrimoniais, e restabelece a obrigatoriedade de declaração dos titulares de rendimentos da 1.ª categoria, como forma de aumentar o controlo fiscal e promover maior transparência.
O Governo defende que a reforma é essencial para garantir justiça tributária, assegurar que os diferentes sectores contribuam equitativamente para as receitas do Estado e adequar o sistema fiscal às transformações tecnológicas e económicas que têm marcado o país nos últimos anos.
A Assembleia da República continuará a debater a proposta nos próximos dias, antes da votação final que determinará a implementação das novas medidas.


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