Trump ameaça acção terrestre contra “narcotraficantes” venezuelanos e Venezuela coloca força aérea em alerta máximo

A declaração de Trump foi feita durante uma chamada telefónica com militares norte-americanos no Dia de Ação de Graças. O líder republicano afirmou que os cartéis venezuelanos estariam a “migrar do mar para rotas terrestres” e prometeu bloquear o tráfico “por terra”.

“Vamos começar a impedi-los por terra. Isso vai começar muito em breve”, disse Trump.

Embora não tenha detalhado que tipo de operação seria conduzida, o Presidente dos EUA destacou que, desde 1 de Setembro, forças norte-americanas destruíram mais de 20 embarcações e mataram mais de 80 indivíduos em operações no Mar das Caraíbas e no Pacífico — acções que Washington associa ao narcotráfico.

Na região está destacado um vasto contingente militar norte-americano, incluindo o porta-aviões USS Gerald R. Ford, o maior navio de guerra do mundo, com quatro mil soldados e 75 caças.

Maduro denuncia tentativa de desestabilização e mobiliza força aérea

Em resposta, o Presidente Nicolás Maduro acusou os EUA de planearem um acto de agressão contra a Venezuela e ordenou às tropas da força aérea que permaneçam “alerta, prontas e dispostas” a defender o território.

“Peço-vos que estejam sempre imperturbáveis na vossa serenidade (…) Sei que a Venezuela conta convosco”, afirmou Maduro durante um evento militar transmitido remotamente.

O ministro da Defesa, Vladimir Padrino López, criticou na mesma cerimónia países que, segundo ele, participam de uma “militarização imperialista das Caraíbas”. Durante o evento em Maracay, forças militares venezuelanas realizaram simulações de intercepção aérea e de defesa contra tropas invasoras.

Movimentações militares aumentam pressão regional

No mesmo dia, o secretário de Guerra dos EUA, Pete Hegseth, visitou o USS Gerald R. Ford para agradecer às tropas envolvidas no combate ao tráfico. A visita ocorreu após uma passagem pela República Dominicana, país que autorizou provisoriamente o uso de dois aeroportos pelas forças norte-americanas.

Também esta semana, bombardeiros norte-americanos B-52H fizeram demonstrações na região das Caraíbas, segundo a força aérea dos EUA.

Impacto interno: Caracas revoga licenças de companhias aéreas

O clima de tensão levou Caracas a revogar as licenças de voo de seis companhias estrangeiras: TAP, Iberia, Turkish Airlines, Avianca, Latam Colombia e Gol. O governo venezuelano acusou as empresas de “unirem-se aos actos terroristas promovidos pelos EUA”.

Como resultado, o Aeroporto Internacional de Maiquetia operou na quinta-feira com apenas sete partidas e sete chegadas. A IATA, associação que representa mais de 300 companhias aéreas, pediu ao governo venezuelano que reconsidere a decisão.

Paralelamente, a FAA norte-americana recomendou “extrema cautela” no sobrevoo da Venezuela, provocando cancelamentos de voos por diversas operadoras.

Portugal reagiu criticando a decisão de Caracas e assegurou que não cederá a ameaças. A Iberia também expressou intenção de retomar as operações assim que houver condições de segurança para os passageiros.

Venezuela denuncia isolamento internacional

A vice-presidente venezuelana Delcy Rodríguez, durante a Comissão Intergovernamental Rússia-Venezuela, acusou os EUA de pressionarem outros países a isolarem Caracas e apelou ao aumento das ligações aéreas com Moscovo.


Postar um comentário