Supervisão aponta impacto positivo do Programa CEES, mas alerta para riscos que podem comprometer a sua sustentabilidade

Uma supervisão realizada pelo Ministério das Comunicações e Transformação Digital às Instituições de Ensino Superior (IES) do norte e centro do país confirmou que o Programa “Um Computador por Estudante do Ensino Superior” (CEES) está a gerar efeitos positivos no desempenho académico dos estudantes. Contudo, a avaliação também identificou desafios que podem comprometer o sucesso e a continuidade da iniciativa.

Entre 13 e 21 de Novembro, a equipa visitou universidades e institutos de Cabo Delgado, Nampula e Zambézia, incluindo a Universidade Lúrio, Universidade Católica, Universidade Rovuma, Instituto Superior de Ciências de Saúde da Zambézia, Universidade Licungo, Universidade Eduardo Mondlane e Universidade Zambeze. O objectivo foi avaliar o uso dos computadores, recolher percepções sobre o processo de distribuição e identificar melhorias para as próximas fases do programa.

Computadores reforçam autonomia e desempenho académico

Segundo Mahalana Chipanga, Coordenador do Programa CEES, a auscultação revelou que os computadores estão a transformar as rotinas académicas dos estudantes:

“O acesso às tecnologias está a estimular métodos de aprendizagem mais autónomos e a reforçar competências digitais essenciais para o mercado de trabalho”, afirmou.

Os dados preliminares mostram um elevado nível de satisfação entre os beneficiários, que destacam a utilidade dos equipamentos para pesquisas, trabalhos académicos e acesso a plataformas digitais de ensino. Em várias instituições, foram registadas melhorias nos hábitos de estudo e maior autonomia — metas centrais do CEES.

Desafios identificados: uso indevido, dúvidas nos critérios e gestão de avarias

A supervisão também levantou preocupações que podem comprometer o impacto do programa:

  • Uso não académico dos computadores, reportado informalmente em algumas instituições;

  • Falta de clareza nos critérios de elegibilidade, gerando dúvidas e possibilidade de percepções de favoritismo;

  • Gestão insuficiente de avarias, incluindo computadores danificados que ainda não foram substituídos ou reparados.

Estudantes e gestores pediram maior transparência, regras uniformes e mecanismos rápidos de assistência técnica.

Cinco mil estudantes previstos até ao fim da distribuição

O CEES, implementado no âmbito do Projecto MOZSKILLS, começou com a entrega de 1.318 computadores e prevê a distribuição de mais 3.682, totalizando 5.000 estudantes beneficiados, sobretudo nas áreas de Ciências, Tecnologias, Engenharias e Matemática (CTEM).

A iniciativa é considerada uma das mais ambiciosas estratégias governamentais para acelerar a inclusão digital no ensino superior.

Conclusões: programa promissor, mas exige maior rigor

A supervisão conclui que o CEES está no caminho certo, mas carece de:

  • mais rigor na gestão;

  • maior transparência nos critérios;

  • mecanismos eficazes de controlo e manutenção;

  • monitoria contínua para garantir resultados duradouros.

Analistas alertam que o impacto real dependerá não apenas da entrega do equipamento, mas também de uma gestão eficiente que garanta que os computadores sejam efectivamente utilizados para fins académicos.



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