Investimento estrangeiro dispara em Moçambique impulsionado por novos projectos de gás na Bacia do Rovuma

marco importante na trajetória económica de Moçambique, sobretudo no contexto do crescimento do Investimento Direto Estrangeiro (IDE) e da exploração de gás natural liquefeito (GNL) na bacia do Rovuma.

Segue uma análise detalhada e estruturada do conteúdo que enviaste, útil para compreender o seu alcance económico, político e estratégico

           . Crescimento do IDE e Contexto Económico

  • O IDE mais do que duplicou no primeiro trimestre de 2025, atingindo 1,63 mil milhões de dólares, face ao mesmo período de 2024.

  • Esse crescimento resulta, sobretudo, dos projectos mineiros e de gás natural, evidenciando o peso crescente do sector extractivo na economia moçambicana.

  • Em termos históricos, o IDE aumentou 41,5% em 2024 e 2% em 2023, mostrando uma recuperação significativa pós-pandemia e após os choques securitários em Cabo Delgado


  •   Projectos Estruturantes na Bacia do Rovuma

O texto realça que o crescimento económico projetado para 2026 será influenciado por projectos estruturantes na bacia do Rovuma, nomeadamente:

  • Coral Sul FLNG (já em operação): primeira plataforma flutuante de GNL em África, operada pela Eni, que já exportou 137 carregamentos de gás e condensado desde 2022, gerando 235 milhões de dólares em receitas.

  • Coral Norte FLNG (novo projeto): Decisão Final de Investimento (FID) assinada em 2025, com 7,2 mil milhões de dólares em capital, prevendo início de produção em 2028.

    • A Eni afirma que este projeto duplicará a capacidade atual de produção de GNL de Moçambique para 7 milhões de toneladas anuais (mtpa).

Com a entrada em funcionamento do Coral Norte, Moçambique deverá tornar-se o terceiro maior produtor de GNL em África, atrás apenas da Nigéria e da Argélia.


             . Principais Investidores e Parcerias

Os parceiros da Área 4 são:

  • Eni (Itália) — operadora principal;

  • Empresa Nacional de Hidrocarbonetos (ENH) — representante do Estado moçambicano;

  • CNPC (China National Petroleum Corporation);

  • Kogas (Coreia do Sul);

  • XRG (Tailândia).

Esta composição reflete o carácter multinacional e estratégico dos investimentos, com uma forte presença asiática, além da Europa.


                 . Outros Megaprojetos no Rovuma

Além dos projetos da Eni, o texto menciona dois megaprojetos complementares:

  • TotalEnergies (Área 1 – 13 mtpa, 20 mil milhões USD) – em fase de retoma gradual, após a suspensão devido ao terrorismo em Cabo Delgado.

  • ExxonMobil (Área 4 – 18 mtpa, 30 mil milhões USD) – ainda aguarda decisão final de investimento (FID).

Se ambos forem plenamente implementados, Moçambique poderá atingir mais de 38 mtpa de produção de GNL, posicionando-se entre os dez maiores exportadores mundiais.


               
 . Impacto Económico e Fiscal

  • O Governo já arrecadou 235 milhões USD em receitas de exportação desde 2022 — um valor ainda modesto, mas crescente.

  • Com a entrada dos novos projectos, o impacto fiscal e cambial será profundo, podendo fortalecer as reservas internacionais e o metical.

  • Contudo, este crescimento precisa de boa governação das receitas do gás, transparência nos contratos e investimento social para evitar o chamado “paradoxo dos recursos”.


                       . Declarações-Chave

“Isto significa que começamos agora com o FID e, dentro de três anos, vamos iniciar a produção. E isso é um compromisso, não se trata apenas de uma conversa.”
Cláudio Descalzi, CEO da Eni

Esta frase sublinha o comprometimento político e empresarial com o arranque do projeto Coral Norte, e a confiança dos investidores no ambiente económico e institucional de Moçambique.


               . Síntese Final

O conjunto dos projectos no Rovuma consolida Moçambique como um actor estratégico no mercado global de gás natural, com potencial para:

  • Aumentar as exportações e receitas fiscais;

  • Impulsionar o crescimento económico a médio prazo (2026–2030);

  • Aprofundar a integração nas cadeias globais de energia;

  • Atraír novos fluxos de IDE, em sectores adjacentes como logística, construção e serviços.

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