Ramaphosa acusa Trump de basear decisão em informações falsas e garante transição regular da presidência do grupo
Os Estados Unidos anunciaram a exclusão da África do Sul do G20 a partir de 2026 e a suspensão total da assistência financeira destinada ao país africano. A decisão, comunicada pelo Presidente norte-americano Donald Trump, desencadeou uma forte reacção do Chefe de Estado sul-africano, Cyril Ramaphosa, que acusa Washington de agir com base em alegações “falsas e distorcidas”.
Trump acusa Pretória de bloqueio e perseguição a agricultores
De acordo com relatos da imprensa internacional, Trump justificou a medida afirmando que a África do Sul teria recusado entregar a presidência rotativa do G20 a um representante norte-americano após a cúpula realizada em Joanesburgo — encontro do qual os Estados Unidos decidiram não participar.
O Presidente norte-americano mencionou ainda supostas perseguições e desapropriações de agricultores africânderes brancos, argumento frequentemente usado por sectores conservadores dos EUA, apesar de repetidamente contestado por organizações internacionais e por Pretória. O governo sul-africano classificou estas acusações como “infundadas”.
Ramaphosa: “Decisão lamentável e construída sobre falsidades”
Em resposta, Cyril Ramaphosa afirmou que as declarações de Trump são “lamentáveis” e baseadas em “informações falsas”. O Presidente garantiu que a transição da presidência do G20 foi feita oficialmente para um funcionário norte-americano, mesmo com a ausência dos EUA na cúpula de Joanesburgo.
Ramaphosa reiterou que a África do Sul continuará a defender o multilateralismo, afirmando que o país não será afastado da cooperação internacional por decisões unilaterais.
Contexto: relação EUA–África do Sul vive novo período de tensão
Esta não é a primeira vez que as relações bilaterais passam por turbulências. Sob as administrações Trump anteriores, Washington criticou a política de reforma agrária sul-africana e ameaçou rever acordos comerciais.
A exclusão do G20, caso se materialize, representaria um dos mais graves golpes diplomáticos sofridos pela África do Sul desde o fim do apartheid e poderia gerar repercussões económicas significativas, sobretudo em investimentos e cooperação internacional.
Pretória promete manter participação no G20
Apesar do anúncio de Washington, Pretória assegura que continuará a participar activamente no G20, defendendo que nenhuma decisão unilateral de um Estado-membro pode determinar a composição do grupo, cuja natureza é multilateral e consensual.
Ramaphosa reforçou ainda que o país permanecerá comprometido com os mecanismos globais de governação económica e diálogo internacional.

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