Pelo terceiro ano consecutivo, Moçambique recebeu um prémio de seguro no valor de 2 milhões de dólares (equivalente a 126,4 milhões de meticais) destinado à proteção contra secas e reforço da resiliência climática durante a campanha agrícola 2025–2026.

O apoio financeiro é disponibilizado pelo Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) através do Programa Africano de Financiamento de Riscos de Catástrofes (ADRiFi) — uma iniciativa que ajuda os países africanos a preparar-se financeiramente para choques climáticos e a integrar o financiamento de riscos de desastres nas políticas nacionais.

O anúncio foi feito durante o Fórum de Financiamento de Riscos Climáticos e de Desastres (CDRFI) 2025, realizado entre 14 e 16 de Outubro, sob o lema “Construir a resiliência de África através de financiamento e seguros transformadores de riscos climáticos e de desastres”. O evento foi coorganizado pelo Governo de Moçambique e o BAD.

Segundo o BAD, o programa ADRiFi subsidia prémios de seguro soberano e reforça as capacidades nacionais de gestão de riscos climáticos. O Grupo Africano de Capacidade de Risco (ARC) fornece o seguro soberano e assegura pagamentos rápidos quando são atingidos os limiares de catástrofes. O programa conta ainda com o apoio financeiro de doadores como o Reino Unido, Suíça, Canadá, Noruega e Países Baixos, através de um Fundo Fiduciário Multidoadores.

A Secretária Permanente do Ministério das Finanças, Albertina Fruquia Fumane, destacou o valor estratégico deste tipo de seguro:

“As políticas de seguro de risco são um instrumento de antecipação que permitem ao Estado proteger os mais vulneráveis, manter a estabilidade social e mitigar os impactos económicos dos choques climáticos recorrentes.”

O representante do BAD, Andrew Mude, alertou para o agravamento dos desastres climáticos em África e sublinhou a importância de expandir os seguros de risco:

“Os impactos climáticos estão a intensificar-se em todo o continente. O ADRiFi já mobilizou mais de 150 milhões de dólares para 16 países africanos, salvaguardando mais de seis milhões de pessoas e demonstrando o potencial transformador das soluções financeiras estratégicas.”

A embaixadora dos Países Baixos, Elsbeth Akkerman, elogiou o papel de liderança de Moçambique na implementação do programa:

“O sucesso do ADRiFi depende da liderança africana. O Governo de Moçambique, através do ministro das Finanças, tem sido um defensor firme desta iniciativa.”

Por seu turno, o vice-presidente do Instituto Nacional de Gestão e Redução de Riscos de Desastres (INGD), Gabriel Monteiro, considerou o fórum uma plataforma estratégica para alinhar políticas e reforçar capacidades, destacando que o evento “consolida a liderança africana na gestão de riscos e desastres”.